Desvio de verba de projetos apurados pela PF pagou mansão de luxo no Lago Sul.
Operação da PF deflagrou a operação na manhã desta terça (21/9)
A Operação Klopês, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (21/9), identificou esquema ilícito que financiou o aluguel de uma mansão no Lago Sul, entre abril de 2018 e janeiro de 2020. A ação da PF tem o objetivo de apurar o desvio de recursos oriundos de projetos de pesquisa promovidos pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), entidade credenciada que atua no apoio à Universidade de Brasília (UnB), e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A casa de luxo foi ocupada pelo senador Romário antes de ser usada no suposto esquema. O parlamentar habitou na residência de 2012 a 2016 e pagava, inicialmente, R$ 26 mil mensais pelo aluguel. Depois, a propriedade ficou desocupada por pelo menos dois anos.
O morador que usou as verbas destinadas a projetos de pesquisa investiu em tecnologia e na decoração da casa. Ao todo, o inquilino gastou R$ 65 mil em persianas e blindex; R$ 19 mil na Apple Store e R$ 15 mil no iPlace.
Além de pagarem o aluguel do imóvel de luxo em Brasília com os recursos da entidade, os alvos da operação valiam-se da utilização de diárias para pagamento de viagens não relacionadas ao objeto dos programas da fundação; transferiam valores das pesquisas para a conta pessoal do coordenador de um dos projetos; realizavam pagamentos em duplicidade a bolsistas beneficiados; e usavam recursos para financiar despesas com aquisição de itens supérfluos.
A antiga moradia do senador é uma das atingidas pela desobstrução da Orla do Lago Paranoá, na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). A casa também foi alvo de bandidos em, pelo menos, duas oportunidades, nos anos de 2015 e 2016. Os proprietários colocaram a mansão à venda depois que o tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira deixou o imóvel.
A Finatec se pronunciou por meio da nota abaixo, publicada no site da fundação.
"Na data de hoje, 21 de setembro de 2021, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão de documentos relativos aos projetos 6422 e 6426. A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos – Finatec, na condição de fundação de apoio de IFES e ICTs, esclarece que atua na gestão administrativa e financeira dos projetos de pesquisa, ensino e extensão de suas apoiadas, cabendo a estas o acompanhamento técnico, científico e acadêmico dos seus projetos. A Finatec mantém compromisso com a ética e integridade, tendo implementado o programa de governança corporativa e compliance procurando mitigar riscos de atuação e, principalmente, cumprir a legislação vigente. A Finatec, além de previamente já disponibilizar os dados em seu portal da transferência, franqueou acesso irrestrito à documentação solicitada e esclarece que, em toda a sua atuação, cumpre a legislação, assim como está a disposição das autoridades”, assinala a fundação.
A UnB também se pronunciou por meio de nota. “A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) é uma fundação privada, com a qual a UnB celebra contratos para a gestão administrativa e financeira de seus projetos de pesquisa, ensino e extensão, conforme estabelecido na Lei nº 8.958/1994”.
Procurado, o CNPq informou que não foi notificado pelos órgãos responsáveis pela operação.
Leia o posicionamento:
“Em relação à ação da Polícia Federal, noticiada na manhã desta terça-feira, 21, por meio da Operação Klopês, informamos que o CNPq não foi notificado pelos órgãos responsáveis pela operação e a instituição nem seus gestores são alvos da ação. Dessa forma, só podemos nos manifestar quando tivermos informações sobre os projetos investigados.
Os projetos apoiados pelo CNPq cumprem procedimentos legais e, sempre que são identificadas inconsistências ou irregularidades, são tomadas as medidas cabíveis.
O CNPq está à disposição para contribuir no que for necessário.”
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