Justiça torna réu preparador físico do Universitario-PER por racismo, mas decide pela soltura

 Uruguaio Sebastián Avellino foi preso em São Paulo há dez dias, após gestos imitando macaco em jogo com o Corinthians

Gestos racistas de preparador físico do time peruano foram registrados em imagens - Reprodução

A Justiça de São Paulo decidiu acatar pedido do Ministério Público (MP) e tornar réu o preparador físico uruguaio Sebastián Avellino, que trabalha para o Universitario, time de futebol do Peru, por crime de racismo. Avellino, porém, poderá responder ao processo em liberdade.

A decisão pela soltura do preparador físico foi tomada uma vez que ele tem endereço fixo no Peru e também pelo fato de não ter havido violência física. Ele pode ter a prisão decretada novamente caso não compareça (ao menos virtualmente) a audiências para as quais for convocado.

O preparador físico estava preso em São Paulo desde o último dia 11, quando foi flagrado fazendo gestos racistas em direção a torcedores do Corinthians em uma partida entre os dois clubes. A decisão judicial deu prazo de dez dias para que Avellino responda à acusação por escrito.

Entenda o caso

O episódio aconteceu no último dia 11, quando o time paulista e a equipe peruana se enfrentaram pela partida de ida dos playoffs da Copa Sul-Americana, na Neo Química Arena, em São Paulo. Avellino foi flagrado fazendo gestos imitando um macaco em direção a torcedores do clube brasileiro que estavam na arquibancada.

Ele foi detido pela Polícia Militar (PM) no fim da partida, acusado de racismo. No dia seguinte (12), passou por audiência de custódia que determinou que ele continuaria preso. Em depoimento, ele afirmou que não tinha imitado um macaco, e disse que estava com os braços abertos pois estava carregando objetos usados para preparação física dos atletas. Além disso, afirmou ter sido atacado por cusparadas.

Os times voltaram a se enfrentar na última terça-feira (18), em Lima (Peru). A partida foi tensa, especialmente depois que o elenco do clube peruano demonstrou apoio a Avellino em foto divulgada no dia 14 (sexta-feira). A polícia peruana chegou a sugerir que o time brasileiro se deslocasse ao estádio em um ônibus da própria força policial devido ao clima que se instaurou na cidade.

Para o diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, o entendimento de agressões racistas no Brasil é diferente do que acontece em outros países do continente. Por mais que a situação em nosso país não seja a ideal, a legislação é mais firme.

"O que a gente tá vendo lá fora é isso: o não entendimento desses países, dessas pessoas, e aí a gente vai incluir os clubes, do racismo como um crime, como um ato que não pode ser praticado e não deve ser praticado, que é um ato contra a humanidade de uma pessoa. É muito mais difícil se discutir racismo no futebol sul-americano pelo não entendimento da gravidade do ato em si por esses outros países", lamenta.

Em campo, o Corinthians voltou a vencer (2 a 1), mas os minutos finais da partida foram marcados por confusão entre jogadores, expulsões e envolvimento da polícia. O Corinthians segue vivo na competição, e na próxima fase enfrentará o Newell's Old Boys, da Argentina.

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