Sem baixar a cabeça: Vini Jr. tem postura firme após novo episódio racista e peita dirigente

 Presidente da Liga espanhola, apoiador de partido de extrema direita, tenta responsabilizar jogador, vítima de ataques

Jogador teve posicionamento firme após novo episódio de racismo sofrido na Espanha - Reprodução/Instagram

Vítima de grave episódio racista no último domingo (21) na Espanha, o jogador Vinícius Júnior demonstrou postura firme e decidida após tentativas do presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, de transferir ao atleta responsabilidade pelo caso. "Quero ações e punições. Hashtag não me comove", disse o brasileiro em postagem no Twitter.

A mensagem veio após publicação de Tebas, na sequência da agressão sofrida pelo jogador. Vini Jr., como é conhecido, foi ofendido por muitos torcedores do Valencia, na partida contra o Real Madrid, time do brasileiro, no último domingo. Boa parte da arquibancada gritou "mono" ("macaco", em espanhol) para agredir o jogador.

"Antes de criticar e ofender a liga espanhola, é necessário que você se informe adequadamente. Não se deixe manipular e procure entender bem as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos", postou o dirigente ainda no domingo.

Tebas voltou a usar o Twitter para atacar o jogador brasileiro nesta segunda-feira. Negando o óbvio, ele disse que a Espanha e a liga de futebol do país não são racistas. E, numa tentativa de minimizar os episódios, disse que a liga denunciou nove casos de racismo na atual temporada, sendo oito contra o jogador brasileiro, dizendo que o racismo é "extremamente pontual". 

A postura do dirigente não surpreende. Advogado especialista em causas esportivas, ele está no cargo de presidente da liga desde 2013, e jamais adotou postura combativa em casos de racismo. Espanhol nascido na Costa Rica, já se declarou abertamente como apoiador do Vox, partido de extrema direita espanhol com ligações diretas com o bolsonarismo.

Racistas seguem impunes no futebol espanhol

Como destacou o jogador, "o trabalho" da liga espanhola no combate ao racismo se resume, basicamente, na criação de hashtags. Não foi tomada qualquer medida efetiva para combater os ataques reiterados sofridos por Vini em estádios e em outros locais na Espanha. Os clubes envolvidos e agressores não sofreram qualquer punição relevante.

"Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada", disse Vini, também pelo Twitter. "Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo", prosseguiu.

O episódio gerou reações vindas de todas as partes do mundo, vindas de dentro e de fora do futebol, com enorme apoio à postura do atleta brasileiro. Todos os principais clubes do país se manifestaram denunciando o racismo, pedindo respostas e oferecendo palavras de carinho ao jogador.

Após participar da reunião do G7 no Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou sobre o caso e pediu que as entidades responsáveis pelo futebol tomem medidas efetivas. "Eu penso que é importante que a Fifa, a Liga espanhola, as ligas de outros países tomem sérias providências. Não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta dentro dos estádios de futebol", disse.

De acordo com o jornalista Jamil Chade, do Uol, o Ministério das Relações Exteriores vai convocar a embaixadora espanhola para falar sobre o tema, pedindo o fim da impunidade aos responsáveis pelos ataques a Vini. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, confirmou que vai notificar autoridades espanholas.

O Valencia, clube cujos torcedores atacaram o jogador no último domingo, afirmou em comunicado oficial que vai vetar a presença no estádio dos envolvidos no episódio de maneira vitalícia. Entretanto, até esta segunda, apenas um dos muitos agressores tinha sido identificado.

O Real Madrid, clube de Vinícius, informou que acionou a Procuradoria-Geral da Espanha para providências, destacando que considera que os ataques constituem crime de ódio e discriminação. O presidente do clube, Florentino Pérez, se reuniu com o jogador nesta segunda-feira (22).

Apesar da postura do clube em defesa do jogador, o futuro de Vini, um dos atletas mais talentosos do futebol na atualidade, pode ser longe do Real Madrid e da Espanha. Em uma das mensagens após o ataque sofrido ontem ele afirmou que pode deixar o clube e o país: "Sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui".

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