Igreja católica celebra oito anos da carta ecológica revolucionária do Papa Francisco

 Semana Laudato Si' mobiliza fiéis, autoridades e ativistas em defesa da ecologia integral e da justiça socioambiental

Papa em visita à Porto Maldonado, na amazônia peruana. Encíclica escrita por ele no início do pontificado já pedia defesa da floresta
Papa em visita à Porto Maldonado, na amazônia peruana. Encíclica escrita por ele no início do pontificado já pedia defesa da floresta

Movimentos católicos do mundo todo celebram nos próximos dias o oitavo aniversário da encíclica Laudato Si', do Papa Francisco. O documento histórico foi lançado em 2015 e propõe mudanças radicais nas relações da humanidade com o meio ambiente.

O "cuidado com a casa comum", ponto central do texto, também permeia as atividades da Semana Laudato Si', de 21 a 28 de maio. No Brasil, o evento será promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo Movimento Laudato Si' e pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).

O calendário prevê uma série de encontros em que fiéis e autoridades religiosas e políticas se reunirão para pensar o futuro com sustentabilidade - acesse aqui a programação completa. 

Com o tema "Esperança para a Terra. Esperança para a humanidade", a programação promoverá um circuito de exibições do filme A Carta: uma mensagem pela nossa Terra. O documentário é inspirado no texto do Papa e resgata as vozes de ativistas de diversas regiões, chamados de "poetas sociais" pelo próprio pontífice.

Segundo o coordenador de campanhas para o Brasil no movimento Laudato Si', Eduardo Scorsatto, a exibição do filme é um instrumento para estimular o engajamento na luta pelo meio ambiente.

"Nós fazemos essa mobilização toda para convocar as forças ativas da nossa sociedade e da igreja para se colocarem a caminho do cuidado, de defesa, de garantia de que os direitos e a justiça socioambiental sejam preservados e sejam expandidos", afirma.

Além disso, a semana prevê encontros de fiéis, autoridades religiosas e políticas em uma audiência pública, oficinas para juventude e um ato inter-religioso. Será lançado ainda o livro Arquitetura da Impunidade, da Comissão Especial da Ecologia Integral e Mineração (CNBB).

A maior parte da agenda ocorrerá em Brasília, mas na quarta-feira (24), uma conferência online sobre os compromissos da ecologia integral no relatório da Unesco do ano passado poderá ser assistida de qualquer lugar do mundo pelos perfis no Facebook da REPAM e do Movimento Laudato Si'.

"Estamos fazendo essa Semana Laudato Si' nacional, que tem um pouco esse caráter propulsor. A nossa ideia, o nosso objetivo é que essa semana inspire ainda mais ações nas bases, nas comunidades, nos regionais da CNBB, para que mais pessoas se sintam mobilizadas, engajadas, motivadas e animadas a promover ações permanentes e concretas de defesa dos territórios e dos povos, em defesa da ecologia integral", afirma Scorsatto.

Ele afirma que a campanha ainda vai contar com outros dois momentos ao longo deste ano. Ela integrará o Junho Verde, período temático para debates sobre a questão ambiental. Depois, entre 1º de setembro e 4 de outubro, ocorrerá a mobilização da campanha Tempo da Criação, que se encerra no Dia de São Francisco de Assis.

O apelo do Papa pela Casa Comum

Em maio de 2015, o Papa Francisco publicou a encíclica Laudato Si', uma carta que aborda questões ambientais e aponta mudanças urgentes para garantia do futuro da humanidade e do planeta. O documento marcou uma virada na participação da igreja católica em debates sobre sustentabilidade, ecologia, justiça social. 

O título Laudato Si' significa "Louvado Sejas" e é uma citação do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Essa escolha ressalta a importância de louvar a Deus e honrar a criação, não apenas respeitando a Terra, mas também reconhecendo sua bondade. 

Dividida em seis capítulos, a carta aborda o papel da humanidade em questões ambientais atuais, como poluição, mudanças climáticas, escassez de água, perda de biodiversidade e desigualdade global e a responsabilidade social para a mudança.

O documento propõe educação e a espiritualidade ecológicas, com mudanças nos modos de vida, menos foco no consumismo e mais atenção a valores duradouros. A encíclica destaca que a crise ambiental não pode ser dissociada das crises social e econômica. Ela chama atenção para a necessidade de uma abordagem integrada que leve em consideração tanto a dignidade humana quanto a preservação do meio ambiente.

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