Advogado que propôs cassação de Dallagnol sofre ameaças de morte
Ameaças estão sendo feitas por membros da extrema direita
Deltan Dallagnol / Câmara dos Deputados
O advogado Michel Saliba, responsável por representar o Partido da Mobilização Nacional (PMN) na ação que pediu a cassação do agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol, afirmou que vem sofrendo ameaças de morte.
Saliba relatou que um carro rondou seu escritório de advocacia várias vezes e que recebeu ligações anônimas com ameaças. Em uma dessas ligações, uma voz masculina ofende uma funcionária do advogado: "[Você é] outra filha da p* também. (...) Eu trabalho com gente honesta, não trabalho com vagabundo. Quem trabalha com vagabundo é vagabundo também, entendeu?".
Em outro momento, o suposto criminoso diz ainda: "Você é um vagabundo. O seu patrão é um vagabundo, é um filho da p*. Mas nós vamos pegar ele. Nós vamos pegar ele".
À Folha de S. Paulo, Saliba afirmou que é a primeira vez que passa por algo parecido. "Pela primeira vez, estou sentindo na pele o que é a reação da extrema direita. Em 31 anos de advocacia, nunca vivi isso. É uma coisa assustadora porque tomei contato com a ausência de padrão civilizatório que notadamente marca manifestações de pessoas ligadas à extrema direita. Estou realmente muito assustado, perplexo", disse.
"No país de hoje, a realização de um julgamento que desagrada um lado é pior do que a reação de uma torcida organizada. Se você tiver um [jogo entre] Palmeiras e Corinthians, terá menos risco do que em um julgamento que envolva um lado político."
Quem também diz ter sofrido ameaças é o advogado Luiz Eduardo Peccinin, que representou a Federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV, em ação pela cassação de Dallagnol no TSE.
"Essas mensagens só mostram que estamos do lado certo. Como dizia Sobral Pinto, 'a advocacia não é profissão de covardes'. Bandidos jamais me intimidarão. No que depender de mim, ameaças só me darão mais combustível para trabalhar mais firme no cumprimento da lei e na defesa da Constituição", disse Peccinin à Folha.
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