Autores de campanha negacionista na pandemia recebem multa de R$ 55 milhões

 Fabricante de ivermectina está entre os condenados por divulgar 'kit covid' sem comprovação científica

Covas coletivas em Manaus: muitas das mortes pela covid poderiam ter sido evitadas

A Justiça Federal condenou os autores da campanha publicitária Manifesto pela Vida, que durante a pandemia de covid-19 estimulou o uso de remédios sem comprovação contra a doença como cloroquina e ivermectina, a pagar R$ 55 milhões em multas por danos morais coletivos e à saúde. 

Esses autores, que se intitulavam "médicos do tratamento precoce Brasil" recomendavam o chamado kit covid, que não tinha comprovação no combate ao coronavírus. A campanha foi veiculada em oito dos maiores jornais impressos do país.

Foram condenados: Médicos Pela Vida (Associação Dignidade Médica de Pernambuco - ADM/PE), as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, o Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e o Grupo José Alves (GJA Participações).

No entender da Justiça Federal, a Médicos pela Vida, que tem sede no Recife (PE) mas conta também com médicos registrados no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), estimulou a automedicação. O grupo tampouco mencionou possíveis efeitos colaterais.

O Ministério Público Federal também diz que o informe publicitário realizado pelo grupo contraria as regras da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), que determinam que as informações divulgadas de medicamentos precisam ser embasadas pela ciência.

Foi comprovada também a cumplicidade entre a Vitamedic (fabricante de ivermectina) e a Associação Médicos pela Vida. A farmacêutica investiu R$ 717 mil na campanha. Ao proferir a sentença o juiz do caso disse que "a publicidade ilícita de medicamentos, pelos riscos do seu uso irracional, já representa abalo na saúde pública e sua essencialidade impõe a devida reparação".

Na sentença, a Anvisa também foi considerada omissa. 

Durante a pandemia, o governo federal de Jair Bolsonaro relutou em reconhecer a gravidade da crise do coronavírus, estimulando o uso de medicamentos sem comprovação científica. 

Como resultado disso e da demora em vacinar a população brasileira, especialistas calculam que parte significativa das cerca de 700 mil mortes causadas pela covid poderiam ter sido evitadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Luís Roberto Barroso assume presidência do STF na próxima quinta-feira (28)

Após ofício desnecessário do Ministério da Defesa, TSE permite análise de códigos-fonte

PF faz buscas contra general por participação no 8 de janeiro; militar integrou gestão de Pazuello no Ministério da Saúde

Governo quer usar Copa Feminina para trazer evento ao Brasil em 2027

Justiça determina indenização de R$ 1 milhão para filho de Genivaldo, morto em Sergipe por agentes da PRF em 'câmara de gás

Justiça torna réu preparador físico do Universitario-PER por racismo, mas decide pela soltura

SERIE B: NÁUTICO VENCE E MANTÊM O TOPO E VASCO SÓ EMPATA

Após declaração de guerra por Israel, número de mortes se aproxima da casa dos milhares

Após derrota no STF, senadores ruralistas protocolam PEC para validar tese do marco temporal

Governo anuncia pacote para aumentar crédito para estados e municípios