Caminhoneiros preparam greve para tentar barrar aumento descontrolado de combustíveis

 Dirigente dos caminhoneiros no RS, Litti Dahmer comenta motivações da greve da categoria marcada para dia 1º de novembro

Categoria está cada vez mais insatisfeita com o governo Bolsonaro e se articula para paralisação nacional                                 
Os caminhoneiros preparam uma paralisação nacional no dia 1º de novembro a fim de pressionar o governo Bolsonaro para que atenda as reivindicações da categoria. A principal pauta dos transportadores rodoviários autônomos e celetistas é a diminuição do preços dos combustíveis. Em 2021, gasolina e diesel acumulam altas de 73,4% e 65,3%, respectivamente. 

Entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) estão na organização da manifestação.

As divergências da categoria com o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não param de aumentar, após o governo cancelar uma reunião marcada para o dia 28 de outubro com representantes da categoria. Depois de desmarcar a agenda, o presidente anunciou um auxílio de R$ 400 para a compra de diesel aos caminhoneiros, o que também foi mal visto pelos trabalhadores.

Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí (Sinditac), Carlos Alberto Litti Dahmer, o anúncio auxílio diesel não é “solução de forma alguma”. “Aplicar R$ 400, que dá 80 litros de diesel, não vai a lugar nenhum, não se faz quilometragem com isso e mostra o desconhecimento do governo federal sobre a realidade dos caminhoneiros”, afirmou em live realizada pela Rede Soberania na terça-feira (26).

Paridade de preços é o verdadeiro problema

Conforme o dirigente, que também integra a CNTTL, o verdadeiro problema é a política de preços da Petrobras, que desde o governo Temer, em 2017, adotou a paridade de preço internacional, ficando refém do mercado externo e da cotação do dólar. Ele pontua que a Petrobras poderia assumir parte do custo internacional e reduzir o valor interno dos combustíveis por ser quase autossuficiente.

“O barril de petróleo hoje está em torno de 80, 85 dólares, mas não sobe o custo da produção da nossa Petrobras, que investiu em gente, tecnologia, equipamento e extrai pelo menor custo do mundo, em torno de 30 dólares o barril para extração”, explicou.

Porém, ressaltou que o governo federal se esforça para privatizar o refino do petróleo, obrigando o país a importar sua demanda. “Eles já venderam uma refinaria, nossas 12 estão trabalhando com a capacidade de 30% de refino. Isso somado à extração poderia nos dar para aquilo que precisamos importar e pagar a diferença do preço internacional”, pontua Litti.

Para o dirigente, falta vontade política para resolver a situação. “Essa política que foi feita lá no governo Temer, foi um decreto e pode ser revogado, basta ação politica. Então tem que parar de culpar governos anteriores e passar a assumir a responsabilidade”, avaliou, cobrando que a política deve favorecer ao povo brasileiro e não aos acionistas da empresa.

Governo quer acabar com os pequenos

Litti destacou que os caminhoneiros estão na luta para não trabalhar tendo prejuízo, e que são os autônomos e pequenas empresas que pagarão a conta, além da população que sente a inflação dos combustíveis no preço das prateleiras. Criticou a fala do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que disse que “tem que baixar frete e quem não estiver dentro do sistema vai sair”.

“O ministro ao invés de ser fomentador do equilibro sobe pro lado da balança dos poderosos, isso não me espanta”, afirmou. Entende que a ideia do governo e do ministro é terminar com a categoria e fazer grandes conglomerados de transportadoras.

É preciso dialogar

Para Litti, essa luta só será resolvida na pressão popular e com diálogo dentro da categoria. “É verdadeiro que 80 ou 90% dos caminhoneiros votaram no Bolsonaro e se sentem hoje traídos, portanto é o momento da disputa”, ponderou. Para ele, hoje há cerca de 40% da categoria em disputa e esse diálogo deve ser realizado em vistas à eleição de 2022.

“Avançar é estar aberto ao diálogo, não rechaçar o movimento por conta disso, a grande possibilidade de mudar e revolucionar é estar aberto ao debate, para tentar transformar o pensamento daqueles que são contraditórios ao nosso. Conversar e dialogar com quem pensa igual à gente é a maior tranquilidade, temos que fazer o exercício contrário, disputar esse campo que vai fazer com que a gente avance”, avalia.

Porém, o dirigente pontuou que o movimento grevista do dia 1º de novembro é econômico e não pauta política: "Essa vamos debater e nos posicionar logo ali na frente".

Ele tratou ainda de outros temas relativos à pauta dos caminhoneiros, destacando outras duas importantes reivindicações da categoria: piso mínimo de frete, que os caminhoneiros conquistaram, mas não levaram e está no Supremo Tribunal Federal, nas mãos do ministro Luiz Fux, e aposentadoria especial para celetista e autônomos, que está no Senado.

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