Supermercado de Valença (RJ) coloca cabeça de peixe à venda em bandeja

 Com a volta da fome no Brasil, carcaças e ossos estão sendo vendidos em estabelecimentos de todo o país

cabeça de peixe
Carcaça de peixe está sendo oferecida sem o corpo e é opção mais barata diante do aumento da fome no país - Reprodução                     

Um supermercado do município de Valença, na região sul do Estado do Rio de Janeiro, colocou à venda nas prateleiras cabeças de peixe sem o corpo do pescado. O quilo do produto está sendo vendido pela rede Venturão.

Nas redes sociais, a página Barra Mansa Forte, que postou a imagem, destacou que é a primeira vez que se vê na bandeja uma parte que nem todos consumiam e que costumava ser descartada. Alguns seguidores da página afirmaram que é o legado de fome do governo de Jair Bolsonaro.

Em meio à crescente dificuldade da população em comprar alimentos, a venda de ossos e de partes que não eram normalmente consumidas, como carcaças, estão se tornando cada vez mais comum. Entidades de defesa do consumidor têm condenado a esse tipo de prática nos supermercados.

Nos últimos meses, organizações não-governamentais por direitos sociais e pela segurança alimentar, como a Ação da Cidadania, vêm alertando para a volta da fome no Brasil. Por isso, algumas ONGs estão distribuindo cestas básicas para amenizar a situação de miserabilidade.

Pior inflação em mais de 25 anos

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a prévia da inflação de outubro tem a maior variação para o mês desde 1995. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 1,20% em outubro, 0,06 ponto percentual (pp) acima da taxa de setembro (1,14%).

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%, acima dos 10,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2020, a taxa foi de 0,94%.

Dólar descontrolado

Apesar das promessas de melhora da economia, o governo Bolsonaro é responsável pelo estouro do preço do dólar, que tem impacto na inflação. Quando assumiu, em janeiro de 2019, eram necessários 3,18 reais para comprar a moeda americana.

Hoje, são cerca de R$ 5,40. O que encarece combustíveis e a comida, já que o agronegócio prefere exportar em dólar do que vender aqui produtos como carne, e deixa o mercado interno com problemas de abastecimento. 

Cesta básica fora da mesa

O valor médio de produtos da cesta básica saltou para quase R$ 670, cerca de 65% da renda média do trabalhador brasileiro, de acordo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O famoso PF, por exemplo, ou prato feito, com arroz, feijão, carne e salada, teve um aumento de quase 23% em um ano, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. O arroz aumentou 37% e a carne 32% em doze meses.

Sem dinheiro para água e luz

Além do racionamento de água, risco de apagão na energia elétrica, os preços das contas não param de subir. Na luz, a sobretaxa pela bandeira vermelha foi aumentada em cerca de 50%, com o valor médio de 14 reais pelo kWh.

Mas os aumentos já vinham de antes, segundo números levantados pelo Dieese. No Paraná, nos últimos cinco anos, de junho de 2016 a julho de 2021, a energia elétrica subiu 49,55%, com inflação de 22,98%. Aumento real de 21,61%. Na água, de abril de 2016 a abril de 2021, a conta subiu 47,47% para uma inflação de 23,45%, aumento real de 19,46%.

Gasolina e gás nas alturas

A gasolina já passou de R$ 7 em regiões do país, com a política de reajustes no preço dos combustíveis feita pela Petrobras. Em mil dias de gestão Bolsonaro, o valor da gasolina saiu, na média, de 4,26 para 5,92. Já o gás de cozinha pulou de R$ 69, em 2019, para mais de R$ 100, variação de cerca de 45%.

Miséria e fome voltam

A renda do brasileiro despencou, sendo a menor desde 2017. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, neste trimestre a renda média do trabalhador ficou em R$ 2.433.

Com o fim da política de valorização do salário mínimo que vigorou entre 2011 e 2019, e a inflação alta, a queda na renda ficou em 9%, de acordo com a FGV, e só não foi maior por conta do auxílio emergencial durante a pandemia. O desemprego também aumentou de 11 milhões no último trimestre de 2018 para a casa dos 14 milhões de pessoas sem trabalho.

E teve e volta da fome. O relatório mais recente da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que 23,5% da população brasileira tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Luís Roberto Barroso assume presidência do STF na próxima quinta-feira (28)

Após ofício desnecessário do Ministério da Defesa, TSE permite análise de códigos-fonte

PF faz buscas contra general por participação no 8 de janeiro; militar integrou gestão de Pazuello no Ministério da Saúde

Governo quer usar Copa Feminina para trazer evento ao Brasil em 2027

Justiça determina indenização de R$ 1 milhão para filho de Genivaldo, morto em Sergipe por agentes da PRF em 'câmara de gás

Justiça torna réu preparador físico do Universitario-PER por racismo, mas decide pela soltura

SERIE B: NÁUTICO VENCE E MANTÊM O TOPO E VASCO SÓ EMPATA

Após declaração de guerra por Israel, número de mortes se aproxima da casa dos milhares

Após derrota no STF, senadores ruralistas protocolam PEC para validar tese do marco temporal

Governo anuncia pacote para aumentar crédito para estados e municípios