Escolha de Guedes para chefiar Orçamento reforça conexão de governos Bolsonaro e Temer

 Esteves Colnago, novo secretário de Orçamento, é mais um ministro do ex-presidente a assumir cargo na atual gestão

Esteves Colnago aceitou assumir Secretaria do Orçamento após saída de Bruno Funchal - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A nomeação de Esteves Colnago para assumir a Secretaria de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia reforça as conexões entre os governos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Michel Temer (MDB).

O alinhamento é refletido na repetição de figuras nas duas gestões. Seis ministros do governo Bolsonaro – nem todos seguem em seus postos – ocuparam cargos-chave com Temer.

O servidor de carreira (analista do Banco Central), promovido nesta sexta-feira (22) a um dos cargos mais importantes da pasta chefiada por Paulo Guedes, ocupou o cargo de ministro do Planejamento na gestão Temer. Caberá a Colnago escolher quem será o novo secretário do Tesouro Nacional, cargo que está vago. 

O Ministério da Economia sofreu uma debandada na noite da última quinta-feira (21). Quatro integrantes do segundo escalão pediram exoneração: Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; Gildenora Dantas, secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento; Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Esteves Colnago era o número 3 em grau de importância na formação original do Ministério do Planejamento de Michel Temer. A área era comandada pelo ex-senador Romero Jucá (MDB-AP), que deixou o cargo depois das divulgações de conversas gravadas na operação Lava Jato.

Após a saída de Jucá, Dyogo Oliveira assumiu em maio de 2016 e ficou quase 2 anos, até Colnago assumir a pasta em abril de 2018. Como chefe do Planejamento, foi um dos responsáveis por viabilizar as intervenções federais na segurança pública do Rio de Janeiro e no estado de Roraima.

O interventor nas políticas de segurança do Rio na gestão Temer era o atual ministro da Defesa do governo Bolsonaro, o general Walter Braga Netto. Um outro militar, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, também esteve nas duas gestões.

Santos Cruz comandou a Secretaria de Governo no início do governo Bolsonaro e exerceu a função de secretário nacional de Segurança Pública, no Ministério da Justiça, durante o governo Temer, entre abril de 2018 e junho de 2018.

O chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, também ocupou o posto durante a gestão do emedebista. O deputado Osmar Terra (MDB-RS), ministro do Desenvolvimento Social com Temer, foi ministro da Cidadania de Bolsonaro.

Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto, secretário-executivo do extinto Ministério da Integração Nacional na gestão anterior chegou a comandar, no início de 2019, o Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta que reuniu Integração e Cidades.

No dia 9 de setembro, Bolsonaro almoçou com Temer em Brasília. O encontro foi motivado pela crise institucional entre os Poderes, agravada pelos ataques de Bolsonaro nos discursos do 7 de Setembro.

O presidente enviou um avião da frota presidencial para buscar o ex-presidente em São Paulo. O voo chegou à capital federal por volta das 11h30. A reunião durou cerca de quatro horas, no Palácio do Planalto, e terminou por volta das 16h15.

Na ocasião, Temer e Bolsonaro conversaram sobre a crise institucional e os ataques do presidente ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Menos de uma hora após o fim do encontro, Bolsonaro divulgou no site do Palácio do Planalto uma "Declaração à Nação", em que diz não ter tido "intenção de agredir" os poderes. Michel Temer confirmou que foi ele quem escreveu o texto. O texto começou a ser redigido na noite anterior por Temer com revisão do marqueteiro Elsinho Mouco.


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