“Relação entre presidente e vice nunca foi simples”, diz Mourão
Vice-presidente comentou notícias sobre escalada do desgaste entre ele e o presidente Jair Bolsonaro e negou renúncia
Em conversa com jornalistas na manhã desta segunda-feira (23/8), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse que a relação entre presidente e vice “nunca foi simples”. O general foi questionado sobre informações veiculadas nos últimos dias, relacionadas ao aumento da tensão com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Não é uma relação simples, né, nunca foi, entre presidente e vice. Nós não somos os primeiros a vivermos esse tipo de problema, mas a gente sabe muito bem que ele conta com a minha lealdade acima de tudo, porque não abro mão dos valores que aprendi ao longo da minha vida – da lealdade, da honestidade, da integridade, da probidade. Então, ele pode ficar tranquilo sempre a meu respeito”, disse o vice-presidente, ao chegar em seu gabinete.
Escolhido para ser vice após dificuldade de Bolsonaro em encontrar um nome, Mourão tem sido alvo da artilharia do presidente e de parte da militância, nos últimos meses. O mandatário tem o excluído de reuniões ministeriais e feito, publicamente, comentários críticos ao general. Em julho, chegou a dizer que o vice “atrapalha um pouco” o governo, e o comparou a um cunhado indesejado.
“O Mourão faz o seu trabalho, tem uma independência muito grande. Por vezes aí atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado, né. Você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado. Você não pode mandar o cunhado embora. Então, estamos com Mourão, sem grandes problemas, mas o cargo dele é muito importante para agregar aí… Dele, não, o cargo de vice é muito importante para angariar simpatias, quer seja para candidatura à Presidência, governador ou prefeito”, declarou Bolsonaro.
Segundo o jornal O Globo, incomodado com os ataques do presidente, o general chegou a falar em renúncia. Mourão, porém, nega. “Jamais, jamais fugi de missão. Não entrego os pontos”, disse ele, adicionando que fica “tranquilamente” até o fim do governo.
No dia em que blindados da Marinha desfilaram na Praça dos Três Poderes a pretexto de entregar um convite a Bolsonaro, Mourão se reuniu com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
A reunião foi na casa de Barroso, no bairro Lago Sul. Bolsonaro, que ficou sabendo do encontro antes mesmo de o general despedir-se do ministro, demonstrou incômodo com a situação.
Barroso tem sido atacado por Bolsonaro de forma reiterada, em razão de divergências em torno do sistema eleitoral brasileiro. O ministro atuou, junto a parlamentares, na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso, que foi rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Na sexta-feira (20/8), Bolsonaro apresentou pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O documento foi levado por funcionários do Palácio do Planalto em nome de Bolsonaro, que assina a peça. O chefe de gabinete do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), foi o responsável por recebê-lo.
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