Cúpula sobre Venezuela termina com 'posições comuns' para eleição e fim do bloqueio
Reunião contou com 20 delegações de outros países; 'América não pode ser espaço de sanções', diz Petro
Delegações de 20 países se reuniram nesta terça-feira (25) em Bogotá, na Colômbia, para discutir a reativação dos diálogos entre governo e oposição da Venezuela. A reunião foi organizada pelo presidente colombiano Gustavo Petro e também contou com a participação dos EUA.
Segundo o balanço oferecido pelo chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, os países reunidos identificaram "posições comuns", como a elaboração de um cronograma eleitoral para o pleito presidencial na Venezuela e a eliminação de sanções contra o país.
"Identificamos posições comuns em torno dos seguintes temas: a necessidade de estabelecer um cronograma eleitoral que permita eleições livres, transparentes e com plenas garantias para todos os atores venezuelanos [...] e que os passos acordados entre as partes venham em paralelo com a eliminação das distintas sanções", disse Leyva.
Essa é a primeira vez em que uma delegação dos EUA participa de um encontro multilateral no qual há sinalização positiva sobre alívios no bloqueio imposto à Venezuela. O Brasil esteve presente representado pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim.
Ainda segundo o chanceler colombiano, os participantes concordaram que "a continuidade dos diálogos facilitados pela Noruega que ocorrem no México seja acompanhada com a aceleração da implementação do fundo fiduciário único para investimento social na Venezuela".
O fundo ao qual Leyva se refere foi acordado entre governo e oposição em novembro do ano passado, na última rodada de negociações no México. Estava previsto que os opositores liberariam mais de 3 bilhões de dólares em recursos que pertencem ao Estado venezuelano e que estão bloqueados no exterior. As reservas seriam destinadas a um fundo administrado pela ONU que serviria para investimento em escolas, hospitais e recuperação de serviços básicos no país.
No entanto, até o momento, o governo denuncia que a oposição não cumpriu com o acordo e que os valores não foram liberados. O não cumprimento fez com que os diálogos no México fossem interrompidos.
O chanceler da Colômbia também afirmou que "representantes de um grupo de países que fizeram parte da conferência informarão ao presidente Nicolás Maduro, aos partidos e setores da oposição e da sociedade civil os resultados da mesma para sua avaliação e comentários".
Leyva ainda anunciou um segundo encontro, sem data definida, com "as mesmas delegações que atenderam ao convite do presidente Gustavo Petro, para dar seguimento aos desenvolvimentos alcançados no dia de hoje".
'América não pode ser espaço de sanções'
A iniciativa proposta pelo governo de Petro é inédita, pois conseguiu reunir pela primeira vez 20 países para debater a situação política venezuelana. Além disso, a estratégia foi considerada ousada por alguns analistas, porque Bogotá não convidou as delegações do governo e da oposição da Venezuela.
No entanto, a participação dos EUA, Reino Unido e União Europeia traz mais peso à conferência, já que esses três atores são os elaboradores das sanções contra o país.
No início da reunião, o presidente colombiano disse esperar que a iniciativa pudesse ser uma contribuição à democracia sul-americana e que o destino da região deveria "ser o amor, não a guerra".
Petro voltou a mencionar o pedido que fez a Maduro, para que a Venezuela retorne ao Sistema Interamericano de Justiça, e destacou os pontos principais da conferência: cronograma eleitoral, fim das sanções e reativação dos diálogos no México.
"A sociedade venezuelana não quer ser sancionada, porque as sanções recaíram sobre o povo venezuelano que vimos nas ruas. Um povo com fome nas ruas de Bogotá, fugindo da fome, da miséria. A América não pode ser um espaço de sanções, temos que ser um espaço de liberdade e democracia", afirmou.
Sobre garantias eleitorais, o mandatário disse que o povo venezuelano deve "tomar suas decisões em profunda liberdade, sem que ninguém fora de seu país os pressione a tomar decisões contrárias a sua vontade política e que ninguém dentro de seu país influencie para que suas decisão sejam desprezadas".
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