Subsecretária da SSP-DF reconheceu que 'planejamento não foi cumprido' no 8 de janeiro
CPI também aprovou nova convocação do general Heleno
A subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Cíntia Queiroz de Castro, reconheceu em depoimento da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que o planejamento de segurança para os atos de 8 de janeiro não foi cumprido. Cíntia, que é coronel da Polícia Militar do DF, assumiu o cargo na SSP há mais de um ano e participou da CPI na condição de investigada, pois é uma das responsáveis pelo planejamento da segurança pública na Capital.
"O planejamento para o final de semana previu todos os cenários possíveis. Não houve falha no planejamento. Houve falha na execução do planejamento", disse a subsecretária, ao ser questionada pelo presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT) sobre as falhas na Segurança do DF.
A depoente tentou se limitar a falar que "muitos falharam", mas após a insistência de Vigilante ela reconheceu que a PM não executou as ações da forma planejada. "Houve falha de planejamento, por parte da Política Militar", disse Cíntia.
O presidente da CPI cobrou nomes e a depoente não respondeu. "Tem que verificar quem estava respondendo pelo Departamento de Operações da Polícia Militar". Cíntia reafirmou ainda a responsabilidade da PM em relação ao "planejamento não foi cumprido".
12 de dezembro
Ao questionar sobre os atos antidemocráticos dos bolsonaristas em Brasília no dia 12 de dezembro, data da diplomação do presidente Lula, Vigilante recordou que ao menos duas pessoas que foram presas após o vandalismo tinham participado de uma reunião na Subsecretaria comandada pela coronel Cíntia. Ela apenas disse que não havia como saber antecedentes criminais de quem pede reuniões para planejar eventos.
Já o deputado Fábio Félix (PSOL) questionou a subsecretária sobre quem primeiro solicitou o Planejamento de Atendimento Emergencial (PAE) a respeito dos acampamentos golpistas na frente do Comando Geral do Exército. Segundo a subsecretária a primeira PAE foi solicitada pelo Comando Militar do Planalto no início de em novembro de 2022, solicitando segurança para a livre circulação das vias de acesso e depois autorização para a entrada dos carros de som.
"O Exército não permitia que a Polícia Militar apoiasse o DF Legal [que fiscalizaria as ligações irregulares de energia, águas e internet]. O DF Legal não queria entrar sozinho no acampamento", afirmou a coronel ao ser questionada por Félix. "Então o DF Legal não tinha medo de entrar, porque não tinha segurança naquele acampamento que muitas pessoas acham que era extremante pacifico", resumiu o parlamentar.
Fábio Félix (meio) levanta questionamentos sobre falta de ação com acampamento golpista / Rinaldo Morelli / Agência CLDF
Heleno é convocado
Antes da oitiva, os membros da CPI votaram uma série de requerimentos, entre eles a convocação do general Augusto Heleno – titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro. O depoimento de Heleno estava marcado para o dia 19 de abril, a partir de um convite da CPI. Ele confirmou presença, mas próximo à data avisou que não iria.
O requerimento para a convocação de Heleno foi proposto pelo deputado Gabriel Magno (PT), que é suplente da CPI. O pedido destaca que é importante trazer às investigações, cada vez mais, a participação do ex-presidente Bolsonaro em toda a trama da tentativa de golpe. "Os últimos vídeos divulgados sobre a invasão ao Planalto deixaram nítidas as ações de pessoas que atuaram sob seu comando no GSI e que, aparentemente, facilitaram a entrada dos golpistas no Palácio", defendeu Magno.
Todos os deputados titulares presentes da reunião votaram pela aprovação do requerimento de convocação do general Heleno. A CPI também aprovou, por unanimidade, a convocação do ex-comandante do GSI no governo Lula, general Marco Edson Gonçalves Dias para prestar esclarecimentos sobre os atos ocorridos no 8 de janeiro.
Derrota bolsonarista
Durante a reunião da CPI foi votado um requerimento da deputada Paula Belmonte (Cidadania), que é suplente na Comissão -sem direito a voto -, que pedia a convocação de Adriano Machado, que estava trabalhando no 8 de janeiro como fotógrafo para a agência Reuters.
O presidente da CPI pediu para que deputada retirasse o requerimento, pois a convocação poderia avançar na liberdade de imprensa, uma vez que o Machado estava no ato trabalhando.
A deputada Paula Belmonte se recusou a retirar o requerimento e ele foi a votação e foi reprovado pela maioria. Dentre os deputados titulares da Comissão apenas os deputados Joaquim Roriz Neto (PL) e Pastor Daniel de Castro (PP), os mais próximos ao ex-presidente Bolsonaro endossaram o requerimento.
Por outro lado, dos deputados Chico Vigilante, Fábio Félix, Jaqueline Silva e o relator Hermeto votaram contra a convocação do fotografo para a CPI.
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