Após 40 anos da redemocratização, Argentina é referência na busca por memória e justiça

 Correspondente em Buenos Aires comentou sobre a punição aos repressores levada a frente pela justiça do país vizinho

Abuelas de Plaza de Mayo - A organização de direitos humanos se dedica a buscar os netos e as netas desaparecidos na ditadura militar argentina (1976-1983) - Reprodução

O Brasil relembra, no próximo sábado (1°), os 59 anos do Golpe Civil-Militar de 1964. O tema reacende o debate sobre o tipo de transição que foi adotada no país após o final do regime e de que forma os repressores brasileiros foram punidos pelos casos de tortura, prisões, desaparecimentos e mortes políticas ao longo dos 21 anos de ditadura. 

Neste caso, a Argentina é uma referência quando se fala a respeito de memória, justiça e verdade. Fernanda Paixão descreveu os principais aspectos que colocam o país vizinho entre as democracias mais bem resolvidas em relação ao passado ditatorial. 

"A Argentina foi e é uma referência, porque foi um único país que conseguiu, de fato, levar adiante processos penais para julgar os repressores, os responsáveis pela repressão. Esse ano comemora quarenta anos da redemocratização. É um ano emblemático. Mais de mil repressores punidos", explicou. 

Ao contrário do Brasil, a Argentina resolveu levar para a Justiça os militares responsáveis pela ditadura. O filme Argentina, 1985 evidencia essa dedicação dos argentinos em punir os repressores. A obra conta a história dos promotores Júlio Strassera (Ricardo Darín) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) que levaram os líderes da última ditadura militar argentina (1976-1983) a julgamento, no denominado Juicio a las Juntas.

Para Paixão, esse desempenho exemplar contra as heranças dos regimes autoritários é resultado da luta dos movimentos e organizações sociais que pautaram o tema, ao longo das últimas quatro décadas, dentro das esferas do Estado argentino. 

"Existe um trabalho muito forte, aliado à políticas públicas, para saber o que houve, quem foram os responsáveis. Muitas dessas pessoas não foram responsabilizadas, mas muitas outras foram. Isso é muito importante nessa construção da memória. Graças às organizações sociais e de direitos humanos, isso foi possível. Foi por causa da luta das mães e das avós da Praça de Maio, que são as mulheres que levaram adiante essa busca durante os anos da ditadura, inclusive, para visibilizar que pessoas estavam sendo desaparecidas. E esta luta continua até hoje". recordou. 

Dessa forma, Fernanda Paixão descreve também que, em razão dessa mobilização nas ruas, o tema da busca pela memória e pela verdade ganhou relevância nacional e sempre está na ordem do dia na Argentina. 

"A memória é muito discutida aqui. Recentemente, com o lançamento do filme [Argentina, 1985], esse assunto ficou bem visibilizado,  principalmente com a juventude. É tratado aqui como coisa viva, que tá sempre em discussão e em disputa. E faz uma grande diferença também como as organizações de direitos humanos conseguem incrementar o debate e ter conquistas, como políticas de estado, para buscar memória, verdade e justiça", explicou. 

A participação completa de Fernanda Paixão, direto de Buenos Aires, você acompanha no programa Central do Brasil desta quarta-feira. 

Diplomacia na Era Lula 


Com a volta de Lula à presidência, a diplomacia brasileira passa por um processo de retomada, inclusive com parceiros que foram abandonados durante o governo Bolsonaro. O repórter Gabriel Lopes conversou com Roberto Colín, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Cuba, que, na prática, tem status de embaixador. Colín falou sobre a expectativa do Brasil estreitar laços com Havana.

Falsa solução

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