'Destino é a prisão': Parlamentares de esquerda reagem à chegada de Bolsonaro ao Brasil

 Deputados do PT e do PSOL protestaram na Câmara, pedindo que o ex-presidente pague pelos crimes a ele atribuídos

Protesto dos parlamentares ocorreu no Salão Verde, da Câmara dos Deputados - PSOL/Divulgação

Parlamentares do campo da esquerda reagiram com críticas à chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Brasil nesta quinta-feira (30). Membros do PT e do PSOL protestaram na  Câmara dos Deputados para lembrar o rastro deixado pela gestão do ex-capitão, que governou o país nos últimos quatro anos. Empunhando cartazes de protesto, os parlamentares também cobraram respostas do ex-presidente relacionadas à casos como o das joias sauditas trazidas ao Brasil após viagem oficial ao exterior.

"Estavam tratando essa volta do Bolsonaro como uma chegada triunfal, e houve um fracasso retumbante, gatos pingados. É o que tinha no dia de hoje. Foi um fracasso. Porque, na verdade, ele só voltou porque foi intimado pela Polícia Federal para depor na próxima quarta-feira, dia 5. O Bolsonaro não voltou porque estava querendo voltar. Ele fugiu com medo de ser preso ainda quando era presidente da República", resgatou Lindberg Farias (PT-RJ).

O parlamentar também comentou a percepção que tem da situação da extrema direita no atual contexto. "Sinceramente, sinto um clima de desânimo na base bolsonarista porque, pra mim, o destino de Bolsonaro é a prisão. Toda semana surge um fato novo", continuou, ao evocar a sequência de fatos que vêm sendo revelados no caso das joias.

Chico Alencar (PSOL-RJ) também protestou no Salão Verde, espaço onde os parlamentares se concentram na Câmara para conceder coletivas e fazer manifestações. "Sua Senhoria já está reivindicando do governo algo que o decreto presidencial não lhe assegura, que é carro blindado. Ele tem direito, como ex-presidente, a dois carros, e os tem. Há uma blindagem que nós não vamos aceitar. Sua Senhoria vai ter que responder à polícia, à Justiça e à sociedade", bradou o psolista, ao segurar um cartaz com uma charge que ilustrava o caso das joias.

"Quais as razões para um autoproclamado patriota deixar o país no honroso cargo de presidente da República antes de encerrar o seu mandato e ficar 90 dias fora, e num único lugar, lá na Flórida, que alguns de nós aqui conhecemos mais como a terra do Pateta e do Mickey? O gosto não se discute, mas esse abandono tão prolongado do Brasil é muito estranho. Dá a entender que foi muito mais fuga do que passeio de descanso", emendou.

Já a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) cobrou a responsabilização de Bolsonaro pela crise humanitária que hoje vive a comunidade dos indígenas Yanomamis, em Roraima. Ela afirmou que o ex-presidente deve explicações pelas consequências das medidas anti-ambientais que tomou ao longo da gestão.

"Se as pessoas realmente refletirem, quem foi a primeira pessoa que Bolsonaro atacou? Eu tenho dito que foi uma mulher. Quem foi essa mulher? Foi a terra, porque, quando atacou a terra, atacou todos os povos indígenas. No seu primeiro dia de mandato, ele falou que não ia demarcar um centímetro de terra indígena".

A parlamentar também ressaltou que as medidas do ex-governo incentivaram conflitos socioterritoriais responsáveis por 135 assassinatos de lideranças indígenas em 2019 e por 185 mortes em 2021. "Eu duvido muito de um ex-presidente que fala de amor à pátria, [se diz] patriota, mas não cumpre [isso] pra honrar a bandeira do seu país. O verde e amarelo é nosso, é dos povos originários, de onde o Brasil começa", acrescentou.  

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