Crianças indígenas são amarradas e sofrem ameaças de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami

 O Ministério dos Povos Indígenas classificou como "inadmissíveis" fatos denunciados pela Hutukara Associação Yanomami

Crianças indígenas são amarradas em troncos por garimpeiros em reserva - Reprodução

Uma denúncia da Hutukara Associação Yanomami divulgada nesta quarta-feira (20) mostra vídeos em que duas crianças e um adolescente indígenas aparecem amarrados a troncos de árvores e sendo ameaçados por garimpeiros dentro da Terra Indígena Yanomami, na região de Surucucu, em Roraima. 

Os vídeos teriam sido gravados na tarde de terça-feira (19) pelos próprios invasores em Hakoma, um dos locais com maior índice de garimpo ilegal do país. As terras Yanomami se situam nos estados do Amazonas e de Roraima.

Em um momento da gravação, os garimpeiros acusam os Yanomami de terem furtado celulares. No meio da mata, enquanto grava, o homem grita: “Tira o cartucho, tira o cartucho, traz o celular, traz o celular. Cadê o celular? Pode amarrar. Vá buscar os cartuchos da espingarda". Em outro trecho, os três indígenas estão amarrados a postes de madeira.

A Associação Hutukara Yanomami enviou um ofício ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em que afirma que não foi possível apurar como terminou o episódio.

Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, pediu apuração urgente do caso. "Uma violência brutal na região do Hakoma que aconteceu isso, e as crianças estão correndo risco nessa região. E os garimpeiros amarraram as crianças. Isso a gente recebeu. Por isso, nós estamos preocupados", diz. 

O Ministério dos Povos Indígenas classificou como "inadmissíveis" os fatos denunciados e disse ainda que está se articulando com outros órgão com o objetivo de garantir "providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso". 

Situação dos Yanomami

A área atingida pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami caiu 78,5% entre janeiro e setembro de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados foram divulgados na última sexta-feira (15) pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa. 

Os garimpeiros que permanecem no local são os mais perigosos, pois estão ligados ao narcotráfico e ao crime organizado, afirma a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Na terra indígena Yanomami, o garimpo ilegal provocou uma crise humanitária que, ignorada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), resultou na morte por causas evitáveis de pelo menos 570 crianças indígenas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Justiça determina indenização de R$ 1 milhão para filho de Genivaldo, morto em Sergipe por agentes da PRF em 'câmara de gás

Bolsonaro investiu R$ 17 mi em renda fixa enquanto recebia quantia equivalente via Pix, aponta Coaf

Bolsonaro vai depor à PF sobre trama golpista com Marcos do Val e Daniel Silveira

SERIE B: NÁUTICO VENCE E MANTÊM O TOPO E VASCO SÓ EMPATA

CPMI é suspensa após confusão protagonizada pelo Éder Mauro, que não faz parte da comissão

TSE manda redes sociais retirarem ‘fake news’ de Damares Alves contra Lula

Copa do Brasil 2022: quatro partidas pelos jogos de ida da 3ª fase acontecem esta noite. Coelho, Bahia, Cruzeiro e Flu entram em campo. Confira

Copa do Brasil 2022: São Paulo e Cruzeiro vencem e avançam. CSA elimina Paysandu com goleada. Altos, Tombense e Brasiliense, como visitantes, vencem nos pênaltis. Tocantinópolis também avança. Hoje se conhece os 3 últimos classificados. Confira

Justiça torna réu preparador físico do Universitario-PER por racismo, mas decide pela soltura

Após ofício desnecessário do Ministério da Defesa, TSE permite análise de códigos-fonte