Joe Biden completa um ano na Casa Branca com baixa aprovação
Apenas Trump foi mais impopular que o democrata após 12 meses governando os EUA
Um ano após chegar à Casa Branca com 51,3% dos votos válidos nos Estados Unidos, Joe Biden não vê motivos para comemorar o seu primeiro ciclo de doze meses. Aprovado por apenas 48,9% da população americana, o democrata só não tem um desempenho pior que o de Donald Trump, seu antecessor republicano, que chegou ao primeiro ano de mandato com apenas 38,4% de aprovação.
"Acho que esse número reflete a incerteza da população, mas não diria que tudo é culpa do Biden, porque muitas das crises que temos visto fogem do controle do presidente – e é algo que qualquer líder está sujeito", disse o professor Reed Welch, que leciona ciências políticas na West Texas A&M University.
"Acho que havia uma esperança um ano atrás de que quando Biden assumisse o cargo, logo veríamos a covid pelo retrovisor e estaríamos caminhando para frente, mas agora o que nos resta são muitas dúvidas", conta.
Apesar dos desafios impostos pela pandemia, o governo de Joe Biden tem bons números para apresentar: os Estados Unidos têm apenas 3,9% de taxa de desemprego e as atividades econômicas do país estão a todo vapor.
Por outro lado, os estadunidenses têm de lidar com a inflação em 7%, o que elevou o custo de vida como um todo e mascarou os avanços financeiros do país. É na bomba de combustível, porém, que esse aumento é mais sentido. Na Califórnia, estado mais rico e populoso dos EUA, o valor da gasolina bateu sucessivos recordes e chegou a US$ 4,60 o galão.
A inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor nos EUA teve o maior aumento desde 1981, com os preços subindo 7% no período de dezembro de 2020 até dezembro de 2021, na comparação com igual período de anos anteriores.
Para tentar minimizar essas dores, o Banco Central dos Estados Unidos tem dosado a taxa básica de juros, e sinalizou nesta quarta-feira (26) que deve elevar as taxas em breve.
Esse aceno vem ao encontro de algumas das promessas feitas em campanha por Biden, que prometeu agir de forma mais enfática em questões ambientais, migratórias e sociais. Segundo a plataforma Politifacts, que mapeia o cumprimento das promessas presidenciais, o democrata tirou do papel 16% das 99 propostas que fez quando chegou ao poder. Outras 3% das propostas estão bem encaminhadas. De acordo com a agência, Biden não quebrou nenhuma de suas promessas — pelo menos ainda.
Para concretizar outros de seus planos, o democrata precisa do apoio do Congresso, que está bem dividido entre os partidos, e alonga as discussões. "Esse cenário não é novidade. Todos os presidentes que vieram antes de Biden também tiveram de lidar com o Congresso, então não vejo isso como um ponto de ponderação", afirma Welcher.
Ainda de acordo com o cientista político, as relações com o Senado ficaram mais ásperas depois da retirada caótica das tropas estadunidenses do Afeganistão.
"Nós passamos décadas no Afeganistão, e muita gente defendia a retirada das tropas. O problema é que até quem era favorável à manobra, não gostou da forma como tudo foi feito. As cenas vexaminosas que vimos mostraram um presidente e um Estados Unidos incompetentes", diz.
Em ano eleitoral, quando os estadunidenses vão às urnas para eleger seus governadores e representantes no Congresso, Biden deve ver perder algumas cadeiras, que deixariam de ser democratas, para serem republicanas. "Isso é absolutamente comum: sempre que um presidente novo chega ao poder, seu partido dá adeus a algumas cadeiras importantes no Congresso, já é parte do jogo", explica o professor.
Esse engasgo na taxa de aprovação do presidente, porém, faz acender o sinal de alerta entre os partidos. "Vários problemas que o presidente Biden está enfrentando agora existem porque uma parte do Partido Democrata está pressionando por políticas progressistas, mas muitos americanos simplesmente não estão concordando com isso", diz o especialista, "sobretudo por isso é importante lembrar que as pessoas votaram em Biden por diversas razões, e uma delas era que ele não era Donald Trump. Ou seja, o democrata ganhou mais por rejeição ao adversário, do que por apoio à sua plataforma."
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