Por ampla maioria, Congresso derruba veto de Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes

 Placar foi de 426 a 25 na Câmara e de 64 a 1 no Senado; queda do veto vem após intensa pressão do movimento feminista

Apenas o partido Novo defendeu o veto de Bolsonaro sobre o projeto de distribuição gratuita de absorventes; medida foi aprovada no Congresso Nacional com ampla maioria                               

O Congresso Nacional derrubou, na quinta (10), o veto parcial do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei (PL) 4968/19, de autoria da deputada Marília Arraes (PT-PE), que prevê distribuição gratuita de absorventes femininos para mulheres vulneráveis. A queda do veto veio após intensa pressão popular do movimento feminista e outros segmentos populares.

Apenas o partido Novo orientou a bancada a votar a favor da iniciativa do ex-capitão. Na Câmara, o placar foi de 426 votos contrários ao veto contra 25 votos a favor do governo, com uma abstenção. Já no Senado houve apenas um voto alinhado com a gestão contra 64 contrários ao veto.  

Pelas regras que dominam o jogo legislativo, a derrubada de um veto do presidente exige apoio mínimo de 257 deputados e 41 senadores, parcela considerada a maioria absoluta do Congresso Nacional.

A votação saiu após três tentativas diferentes de avaliação do veto, o que foi adiado em duas datas anteriores por divergências levantadas pelo governo. Agora, com a invalidação da medida de Bolsonaro, a legislação anteriormente aprovada pelas duas casas será válida.

Antes disso, o texto precisa ser encaminhado pela Presidência da República para promulgação em 48 horas. Em caso de omissão nesse sentido, o presidente ou o vice-presidente do Senado também podem promulgar.  

Durante os debates, diferentes parlamentares criticaram Bolsonaro, que, na última terça (8), assinou um decreto regulamentando o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, criado pela Lei nº 14.214/2021, a parte do texto do PL que não havia sido vetada pelo presidente no ano passado.

Quando o governo editou o decreto na terça (8), data que marcou o Dia Internacional da Mulher, foram anunciados R$ 130 milhões para a iniciativa, de forma a garantir a oferta gratuita de absorventes.  O valor não consta no dispositivo, no entanto.

“O decreto é superficial e não dizia nem de onde vem o dinheiro. O nosso projeto dizia: vem do SUS [Sistema Único de Saúde]”, comparou Marília Arraes. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também criticou a gestão e afirmou que, por ser apenas um decreto, a medida do presidente traz insegurança jurídica.

O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), somou-se ao coro das parlamentares e defendeu uma legislação permanente para tratar do tema.

“Nós precisamos de uma política pública, e não meramente de um decreto ou de uma promessa num ano eleitoral. É fundamental que esse direito seja conquistado através da nossa legislação e que se tenha uma política permanente pra enfrentar a questão da pobreza menstrual”.

Quando vetou parte do PL, em 2021, Bolsonaro argumentou que não havia fonte de financiamento prevista no texto. Apesar disso, a proposta previa a utilização de verbas do SUS e do Fundo Penitenciário Nacional. Deste último sairia o custeio dos absorventes destinados a mulheres presidiárias.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Governo cria comitê interministerial para enfrentar tragédia Yanomami

Prazo para pedir voto em trânsito termina nesta quinta. Saiba como solicitar

Governo Lula prorroga uso da Força Nacional para proteger Esplanada dos Ministérios

Em Itacaré, Idosa está há quase um ano 'presa' dentro de casa após vizinho demolir escada de acesso ao imóvel

Paulistão 2023: Corinthians só empata. Hoje tem Choque-Rei no Allianz. Confira

TSE manda redes sociais retirarem ‘fake news’ de Damares Alves contra Lula

Lula em Roraima: "Não vai mais existir garimpo ilegal"

Série A: Galo visita Bahia e pode ser campeão brasileiro hoje. Grêmio tenta respirar recebendo o São Paulo. Athletico-PR e Cuiabá jogam para fugir do Z4. Sport, rebaixado, recebe a visita do Fla

Pistoleiros atacam indígenas Pataxó, na Bahia. Famílias deixam suas casas para se esconder na mata

Estaduais 2023: outras 7 competições tiveram partidas nesta quinta-feira. Confira