Caetano reúne artistas e movimentos contra o Pacote da Destruição

 Ato em frente ao Congresso Nacional repudiou projetos que facilitam grilagem, agrotóxicos e garimpo em terras indígenas

Caetano Veloso reúne milhares de pessoas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nesta quarta (9), contra "Pacote do Veneno"                

Milhares de pessoas participaram de uma manifestação na tarde desta quarta-feira (9), em Brasília, contra os retrocessos na política ambiental brasileira. O ato foi puxado pelo cantor Caetano Veloso e reuniu artistas, organizações e movimentos da sociedade civil na praça dos Três Poderes, à frente do Congresso Nacional. O objetivo foi pressionar parlamentares a rejeitar seis projetos de lei que representam impactos irreversíveis para a Amazônia, os direitos humanos, o clima e a segurança da população.

O grupo protesta especialmente contra seis projetos de lei (PL): o PL n° 2.159, que torna o licenciamento ambiental uma exceção, em vez de ser a regra; o PL n° 2.633 e o PL n° 510, que concedem anistia à grilagem em terras públicas; o PL n° 490, que trata do chamado "marco temporal" das terras indígenas, que estabelece que povos indígenas só podem reivindicar as terras que eles ocupavam no momento em que a Constituição de 1988 foi aprovada; o PL n° 191, que autoriza a mineração e a construção de hidrelétricas em terras indígenas, até mesmo naquelas em que há indígenas isolados; e o PL n° 6.299, o chamado "Pacote do Veneno", que revoga a atual Lei de Agrotóxicos (7.802/89) e flexibiliza ainda mais a aprovação e o uso de agrotóxicos no país.

A programação

A concentração começou por volta das 14h na avenida das Bandeiras, em frente ao Congresso Nacional. Às 15h, ambientalistas e representantes de organizações sociais participaram de uma audiência pública no Senado. Eles conversaram com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na oportunidade, Caetano Veloso entregou uma carta ao chefe do Senado e chegou a cantar o refrão da música Terra, no Salão Negro do Congresso.

Em seguida, por volta das 17h30, o grupo voltou para a área externa do Congresso, onde artistas e ativistas fizeram discursos. Entre os artistas presentes, estavam Maria Gadú, Seu Jorge, Nando Reis, Bela Gil, Cristiane Torloni, Letícia Sabatella, Bruno Gagliasso e Lázaro Ramos. Entre os movimentos e organizações, estiveram representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Greenpeace Brasil, Observatório do Clima, ClimaInfo e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Leia trechos dos discursos de artistas e ativistas: 

"Eu estou aqui para que a gente possa frear esses projetos de lei. É um pacote de destruição. Eu só queria trazer essa reflexão, que a gente precisa cuidar e olhar para a mãe terra e cuidá-la para que a gente possa regenerá-la, e quem coloca comida no nosso prato são mulheres que plantam sem veneno" — Bela Gil, ativista.

"As mulheres defendem a terra, as mulheres são contra o veneno, as mulheres são pela saúde e pela alimentação saudável. A gente tem muita luta este ano, a gente precisa converter principalmente quem é isento, quem não se aprofunda e quem não entende o que é o agronegócio. Quem alimenta o brasil é a agricultura familiar" — Bel Coelho, chefe de cozinha.

"O nosso país é fruto de uma história perversa de muita violência, mas também de muita resistência, porque, ao contrário do que eles queriam, nós estamos aqui e vamos superar este momento bárbaro da história brasileira. E nós já superamos momentos piores, de 400 anos de escravidão. Os povos indígenas precisam e terão a demarcação de territórios indígenas, o povo quilombola terá seus territórios titulados, o povo ribeirinho, os povos da floresta terão seus direitos!" — Douglas Belchior, historiador e ativista da Coalizão Negra por Direitos.

"A gestão branca deu ruim. Não sabem fazer, saem matando. Eu olho praquele Congresso [Nacional] e só vejo branco fazendo a mesma coisa, o mesmo genocídio. Eu não me vejo ali. Não vamos arredar o pé, não vamos dar mole, não vamos recuar, temos obrigação cívica de impedir o pacote do veneno" — Elisa Lucinda, atriz e escritora. 



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