Em nota assinada por João Azevêdo, governadores do Nordeste repudiam declarações de Romeu Zema
Ainda no texto, Azevêdo afirma que Zema demonstra uma “leitura preocupante e separatista do Brasil”
Neste domingo (6), o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), publicou uma nota em nome do Consórcio do Nordeste - como presidente da organização - onde repudia as falas do governador mineiro, Romeu Zema (Novo), que defendeu a criação de uma frente Sul-Sudeste contra iniciativas do Norte-Nordeste. No texto da nota, os governadores do Nordeste afirmam que não têm intenção de criar “guerra” com os estados das demais regiões do país, mas somente lutar pela compensação de "desigualdades de oportunidades de desenvolvimento”.
"A união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, destaca a nota.
Ainda no texto, Azevêdo afirma que Zema demonstra uma “leitura preocupante e separatista do Brasil”.
"Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais”, diz a nota.
Declarações de Zema
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo o governador de Minas, Romeu Zema, deu uma declaração fazendo referência à aprovação da reforma tributária, que prevê a criação de um fundo para estados menos desenvolvidos. Ele defendeu a união do consórcio formado pelos estados do Sul e do Sudeste para barrar propostas no Congresso Nacional que possam causar perdas econômicas para essas regiões. A estratégia seria uma resposta às propostas enviadas por Norte e Nordeste.
“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos, não senhor. Nós queremos proporcional à população. Por que sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam! Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, afirmou.
O governador ainda reclamou do fundo criado para Norte e Nordeste. “E o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, declarou o governador de Minas Gerais.
Não é a primeira vez que o governador profere falas preconceituosas sobre a região Nordeste. Em junho deste ano, durante um congresso com estados do Sul e Sudeste, ele afirmou que ''boa parte da solução do Brasil'' passava pelas regiões sulistas e ainda insinuou que nas outras regiões, muitas pessoas viviam de auxílio emergencial.
"São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial. Onde há setor produtivo muito mais dinâmico. Então, com toda certeza, boa parte da solução do Brasil passa por esses sete estados".
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