Lula na cúpula do Brics: 'Brasil não contempla fórmulas unilaterais para a paz'

 Lula criticou a 'mentalidade obsoleta da Guerra Fria' que levou ´à guerra, mas poupou Rússia de críticas diretas

Lula preside reunião no primeiro dia da Cúpula da Amazônia em Belém (PA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar na plenária da 15ª Cúpula do Brics, na África do Sul, nesta quarta-feira (23) fez comentários sobre a guerra da Ucrânia. O líder brasileiro pediu esforços para a paz e criticou o que chamou de "mentalidade obsoleta da Guerra Fria". 

"Em poucos anos, retrocedemos de uma conjuntura de multipolaridade benigna para uma que retoma a mentalidade obsoleta da Guerra Fria e da competição geopolítica. Essa é uma insensatez que gera grandes incertezas e corrói o multilateralismo", afirmou Lula. 

Ao mesmo tempo, Lula apontou para as limitações do Conselho de Segurança para evitar a guerra, destacando que o conflito atinge ainda mais as populações vulneráveis. 

"Todos sofrem com as consequências da guerra. As populações mais vulneráveis sofrem ainda mais. A guerra na Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança da ONU. Não podemos nos furtar a tratar o principal conflito da atualidade. O Brasil tem uma posição importante sobre a soberania dos países e não ficamos indiferentes às mortes. Queremos nos juntar aos esforços por uma paz justa e duradoura. A busca pela paz é um dever coletivo e um imperativo para um desenvolvimento justo e sustentável", destacou. 

Apesar de se opor à guerra, o líder brasileiro poupou a Rússia de críticas diretas em relação ao conflito ucraniano. Por outro lado, Lula atacou os gastos militares com conflitos. Segundo ele, "é inaceitável que os gastos militares globais ultrapassem trilhões de dólares, enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo".  

"Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia. O Brasil não contempla fórmulas unilaterais para paz. Estamos prontos para nos juntar a um esforço que possa, efetivamente, contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura", completou Lula. 

O presidente Lula falou logo antes do presidente russo, Vladimir Putin, que, por sua vez, aproveitou a sua fala para fazer uma defesa das ações russas na Ucrânia. Putin culpou o Ocidente pelos motivos que levaram à guerra e destacou que os países do Brics "se opõem ao 'neocolonialismo e hegemonia ocidental".

Participando por vídeoconferência devido ao mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), Putin observou que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estabeleceram-se legitimamente na arena global como uma estrutura de autoridade. Segundo ele, a posição da organização está em constante fortalecimento e o seu rumo vai ao encontro das aspirações da maior parte da comunidade internacional, que ele classificou como a "maioria mundial".

"Estamos gratos aos nossos colegas do Brics que estão ativamente envolvidos na tentativa de pôr fim a esta situação e alcançar uma solução justa através de meios pacíficos [...] O principal é que todos somos unânimes a favor de uma ordem mundial multipolar que seja verdadeiramente justa e baseada no direito internacional", completou. 

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