CPMI do 8 de janeiro ouve Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI, nesta quinta-feira (31)

 GDias, como é conhecido, estava no governo Lula durante os atos golpistas no início do ano

Gonçalves Dias (ex-GSI) deixou governo Lula horas após a divulgação de um vídeo pela CNN Brasil que indicou a sua presença no Palácio do Planalto em 8 de janeiro

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos criminosos de 8 de janeiro ouve, às 9h desta quinta-feira (31), o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como GDias. 

GDias estava à frente do GSI no dia dos atos que culminaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no início do ano. Meses depois, em 19 de abril, ele pediu demissão do cargo horas após a divulgação de um vídeo pela CNN Brasil que indicou a sua presença no Palácio do Planalto em 8 de janeiro, momentos após o quebra-quebra promovido por bolsonaristas. 

No vídeo, é possível ver o ex-ministro circulando entre os golpistas. As imagens mostram, também, funcionários do GSI interagindo com alguns deles. Em entrevista à TV Globo mais tarde, Dias afirmou que entrou no Palácio do Planalto após a invasão para retirar os criminosos do terceiro e quarto andares. 

Gonçalves Dias também passou a ser alvo da CPMI após se tornar público seu pedido para que fossem retirados os registros de que recebeu alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos do primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso Nacional. 

Em depoimento à CPMI em 1º de agosto, o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, confirmou o envio de alertas sobre a gravidade dos atos golpistas do 8 de janeiro às autoridades responsáveis pela segurança acerca das manifestações bolsonaristas. 

Cunha destacou que os alertas foram enviados aos órgãos por meio do grupo de WhatsApp, mas ressaltou que não há como confirmar se as informações chegaram de fato ao conhecimento de todos. “As 48 agências têm o compromisso de estar a par. Não tenho como dizer se o Ministério da Justiça leu os alertas ou não. Nós não temos o controle dessa cadeia.”  

Estavam no grupo representantes de 48 órgãos, como da assessoria de inteligência do Ministério da Defesa, dos centros de inteligência das três Forças Armadas, da Secretaria de Operações Integradas (SEOPI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Jader Silva Santos, que na época era subchefe da Coordenadoria de Avaliação de Riscos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também estava no grupo. Gonçalves Dias, então ministro do GSI, não estava presente. 

Cunha também confirmou que o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, pediu que fossemm retirados os registros de que recebeu os alertas da Abin do primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso Nacional. G Dias, como também é conhecido, teria alegado que não faz parte do grupo de WhatsApp para onde foram enviados alertas. Somente Jader Silva Santos estava no espaço enquanto representante do GSI. O ex-diretor da agência também rebateu os congressistas que disseram se tratar de uma ilegalidade. “A ordem não é ilegal porque é o ministro que determina quais informações serão encaminhadas”, disse.  

No total, a Abin enviou dois relatórios ao Congresso Nacional sobre os alertas emitidos. No primeiro, enviado em 20 de janeiro, Gonçalves Dias aparece nos registros de receptores dos alertas. Já no segundo, encaminhado em 8 de maio, seu nome foi suprimido. 

Durante CPI do 8 de Janeiro do Distrito Federal, em 22 de junho, GDias afirmou que não fraudou os documentos. “A Abin respondeu à solicitação do Congresso com um compilado de mensagens de aplicativo, em que tinha dia e tempo, na coluna do meio o acontecido e na última coluna a difusão. Esse documento tinha lá ‘ministro do GSI’. Não participei de nenhum grupo de WhatsApp, eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então aquele documento não condizia com a realidade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado”, enfatizou.  

O ex-ministro também afirmou que não falou anteriormente com Saulo Moura da Cunha sobre “nenhum esquema especial para o dia 8 de janeiro, domingo, porque não havia nenhuma informação que nos indicasse que ocorreria o que ocorreu”.   

No dia dos atos golpistas, no entanto, Moura da Cunha afirmou durante à CPMI que trocou mensagens com Gonçalves Dias sobre a gravidade da manifestação. “No momento em que a marcha saiu, recebo uma ligação de um colega responsável pela segurança de um dos prédios dos Três Poderes muito preocupado. Nesse momento, divido com ele as nossas preocupações e ligo para o G Dias. Falei para ele que eu e o responsável pela segurança tínhamos a impressão, e até uma certa convicção, de que as sedes dos poderes seriam invadidas ou pelo menos haveria uma ação violenta. Isso por volta de 13h30 da tarde, e ele [Gonçalves Dias] diz que achava que teríamos problemas”, relatou. 

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