Chefe da assessoria internacional de Bolsonaro não tem compromisso na agenda oficial há 8 meses
Filipe Martins, responsável por aconselhar presidente em temas diplomáticos, descumpre lei ao não preencher agenda
O chefe da assessoria internacional da Presidência da República, Filipe Garcia Martins, não registra compromissos em sua agenda oficial desde junho de 2021. Para ocupar o posto, ele recebe R$ 16.944,90 mensais.
Em cargo de confiança no Palácio do Planalto, Martins é um dos responsáveis por aconselhar o presidente Jair Bolsonaro (PL) em posicionamentos sobre temas diplomáticos – como é o caso do conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Lei 12.813/2013 determina que servidores federais em cargos de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) de nível 6, como é o caso de Martins, "divulguem, diariamente, por meio da rede mundial de computadores - internet, sua agenda de compromissos públicos".
Agenda oficial de Filipe Garcia Martins, chefe da assessoria internacional da Presidência da República / Reprodução/GOV.BR
Nesta quinta-feira, Martins fez uma série de publicações no Twitter para comentar a escalada do conflito no leste europeu. Ele atribuiu aos veículos de imprensa a reprodução de “erros factuais” e afirmou que é hora de evitar opiniões sobre o assunto.
“Tomem cuidado, sobretudo, porque os impactos do que está acontecendo podem ser muito nocivos para o Brasil, afetando nossa vida cotidiana, através dos preços de combustíveis e de alimentos, e o poder relativo do Brasil como celeiro do mundo e potência de médio porte”, escreveu.
5. Tomem cuidado, sobretudo, porque os impactos do que está acontecendo podem ser muito nocivos para o Brasil, afetando nossa vida cotidiana, através dos preços de combustíveis e de alimentos, e o poder relativo do Brasil como celeiro do mundo e potência de médio porte
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— Filipe G. Martins (@filgmartin) February 24, 2022
Isolado por novo chanceler de Bolsonaro
De acordo com reportagem publicada pelo jornalista Guilherme Amado, no site Metrópoles, em julho de 2021, o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, atuou para isolar Martins de questões diplomáticas.
O objetivo do chanceler seria diminuir a influência das ideias de Olavo de Carvalho no Itamaraty. Seu antecessor, o ex-ministro Ernesto Araújo, que chefiou o Itamaraty de janeiro de 2019 a março de 2021, e Martins são seguidores do guru bolsonarista.
A apuração aponta que o chanceler teve sucesso na empreitada. Segundo o texto, Bolsonaro não estaria mais recebendo Martins, tampouco ouvido as ideias de do chefe de sua assessoria internacional.
Absolvido por gesto de conotação racista
Em outubro do ano passado, o juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, absolveu Martins de uma acusação por racismo.
A denúncia do Ministério Público Federal se baseou em um suposto gesto de conotação racista feito por Martins durante uma sessão em março deste ano no Senado. O sinal é o mesmo usado por grupos supremacistas brancos nos Estados Unidos.
Na denúncia apresentada à Justiça, o MP afirmou que Filipe Martins tem "padrão de comportamento" de difusão de "ideias ou símbolos extremistas".
Filipe Martins e o gesto que gerou revolta, por sua identificação com supremacistas brancos / Reprodução/TV Senado
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