Governo anuncia medidas para queimadas e seca na região amazônica

 Marina Silva informou o envio de recursos humanos e financeiros e alertou para queimadas criminosas

Seca histórica: El Niño, mudanças climáticas e queimadas criminosas levam território amazônico a desastre sem precedentes

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, informou nesta sexta-feira (13), que o Governo Federal vai enviar mais 100 brigadistas para combater incêndios e queimadas na região da Amazônia. O número de agentes se soma a outros 200 profissionais, que já estão na região para tentar combater os focos de fogo. 

Em entrevista coletiva, que também contou com a presença do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional Waldez Góes, foi anunciada a liberação de recursos extraordinários por meio de Medida Provisória para estados do Norte do País. Assim que os planos de trabalho municipais forem apresentados, a MP será publicada. 

Os dados mais recentes apontam mais de mil focos de calor, principalmente no Amazonas, nos municípios de Autazes e Careiro. Somente em outubro, foram registrados mais de 2,7 mil queimadas. Manaus, capital do estado, está embaixo de fumaça há dias. 

“É uma situação de extrema gravidade, porque há um cruzamento de três fatores. O primeiro deles é a grande estiagem, provocada pelo El Niño, agravada pelo problema da mudança do clima. Matéria orgânica em grande quantidade e ressecada e ateamento de fogo em propriedades particulares e dentro de áreas públicas de forma criminosa”, alertou Marina Silva. 

A ministra afirmou ainda que o trabalho governamental vai precisar de apoio para a população. Segundo ela, há frentes de combate em terras públicas e nos entornos dos municípios mais atingidos.  

“Obviamente que a ação dos brigadistas, do corpo de bombeiros e de todo o efetivo precisará muito fortemente de uma ação da população para que se pare de atear fogo. Não adianta a pessoa achar que é apenas mais uma a tocar fogo. De uma em uma, nós temos hoje, no estado do amazonas, mais de mil focos de calor.”  

A ministra afirmou que a determinação do presidente Lula é para atuação do governo federal em parceria com os estados, “dispondo de tudo o que for necessário”. Marina Silva ponderou que esse trabalho tem esbarrado na falta de planejamento e investimentos vindas da gestão de Jair Bolsonaro (PL).  

"Nós não tínhamos esse planejamento no governo anterior. Procuramos ser previdentes, contratamos as pessoas no tempo certo, fizemos a medida provisória para alocação de recursos extras para ações de combato ao desmatamento e queimada e, mesmo com a redução de 64% desmatamento no estado do Amazonas, ainda temos uma situação de bastante dificuldade. Imagine se tivesse mantido o padrão do ano passado.”  

Apesar de reafirmar que o cenário é fruto de fatores combinados, Marina Silva ressaltou o peso da ação humana na destruição da floresta. “O principal vetor das queimadas é o desmatamento, não existe fogo natural na Amazônia. O fogo ou é feito propositalmente por criminosos ou é a transformação da cobertura vegetal para determinados usos e depois o ateamento do fogo"  

O ministro Waldez Góes também pontuou os prejuízos da inação e do desmonte do governo anterior. “A política de prevenção no Brasil foi basicamente abandonada nos últimos seis anos. Houve um esvaziamento de recursos financeiros, orçamentários e de pessoas. Os órgãos foram esvaziados e as respostas também. Se pegarmos o Projeto de Lei Orçamentária de 2023, que o governo anterior mandou para o Congresso Nacional, tinha 25 mil reais para a rubrica de resposta. Não dava para absolutamente nada.” 

Além do Amazonas, há municípios em estado de emergência no Acre e possibilidade de que regiões de Rondônia também precisem aplicar a medida. Em todo o país, a seca intensa atinge ainda os estados do Mato Grosso, Maranhão, Piauí e Tocantins. 

Manaus sob fumaça 

O crescimento dos focos de calor no Amazonas foi de 147% no mês de outubro em relação ao ano passado. Em Manaus, a população está sob fumaça há dias e a poluição do ar aumentou consideravelmente, a ponto de a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançar um alerta e recomendar o uso de máscaras. 

Há bairros da cidade em que a contaminação do ar com poluentes tóxicos já é cinco vezes maior do que os piores índices considerados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. A Polícia Federal investiga as causas do fogo na região metropolitana. 

Nessa quarta-feira (11), a Polícia Federal prendeu em flagrante dois homens por envolvimento em queimada ilegal perto da capital. Eles foram presos com motosserras, gasolina e fósforos. A PF abriu investigação sobre a causa das queimadas na Região Metropolitana de Manaus. Em todo o Estado, quase 400 mil famílias sofrem as consequências da seca.  

Além da população, também há risco grave para a biodiversidade. Mais de 140 carcaças de botos foram encontradas no lago Tefé, que secou. A área total em risco médio ou alto é três vezes maior que a da cidade de São Paulo. 

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