Bancos de sangue trabalham para reverter baixa de doações
Pandemia mais branda aumenta a demanda por transfusões e mês com dois feriados piora o cenário
Os bancos de sangue dos estados brasileiros continuam enfrentando dificuldades para manter os estoques. Se ao longo da pandemia o problema era a queda significativa nas doações, agora, há também aumento na demanda.
Com atividades praticamente normalizadas, circulação maior de pessoas nas vias e rodovias e mais pacientes procurando o sistema de saúde para questões não relacionadas à covid, cresce a ocorrência de situações em que transfusões são necessárias.
A situação é crítica no estado de São Paulo, por exemplo. Nesta quarta-feira (20), os níveis dos estoques só não eram críticos para os tipos AB+ e AB-. Todos os outros fatores estão muito abaixo do necessário. O cenário atinge a região metropolitana da capital e municípios do interior.
Para tentar reverter a escassez, Fundação Pró-sangue vai manter postos de atendimento para doações durante o feriado prolongado do Dia de Tiradentes. De quinta-feira (21) a sábado (23), haverá unidades abertas em algumas regiões.
"A Fundação Pró-Sangue abastece mais de 100 instituições de saúde da rede pública da região metropolitana do Estado. Para dar conta do suprimento de hemocomponentes, precisamos mobilizar por mês mais de 12 mil candidatos às nossas unidades de coleta. Sem dúvida, uma tarefa nada fácil”, explica Sandra Camargo Montebello, médica da Fundação Pró-Sangue.
A Bahia também enfrenta escassez nos estoques. Estão abaixo da capacidade recomendada principalmente os tipos sanguíneos O-, O+ e B+. A Fundação Hemoba informou que o feriado prolongado da Semana Santa e a chuva a forte em Salvador diminuíram o fluxo de doações.
O estado tem hoje 29 unidades de coleta, 8 na capital e 20 no interior. Nem todos esses pontos estarão abertos na quinta-feira (20), mas no dia seguinte as unidades voltam a funcionar. Além disso, o 21 de abril terá pontos de coleta funcionando em Salvador, no Hemocentro Coordenador e em dois shoppings.
Rivania Andrade, médica hemoterapeuta e diretora de Hemoterapia da Fundação Hemoba, afirma que a pandemia já não influencia a diminuição das doações, mas há aumento considerável da demanda.
“Nós já voltamos ao nosso normal e é justamente esse o motivo (da falta de sangue). As instituições de saúde estão atendendo seus pacientes e fazendo cirurgias eletivas, as pessoas estão saindo mais de suas casas e estão ocorrendo mais acidentes, as pessoas estão viajando. Como já houve a liberação das restrições, houve também aumento da demanda”.
Em Minas Gerais, a situação também preocupa. Nesta quarta-feira (20), o Hemominas registrava estoques críticos para os tipos O+ e O- e níveis de alerta para B-, AB- e A+. No Dia de Tiradentes, todas as unidades de coleta estarão fechadas, mas na sexta-feira (22), as unidades voltam a funcionar.
No Rio de Janeiro, o Hemorio trabalha para impulsionar doações durante os feriados prolongados e o Carnaval fora de época. A campanha Você Faz Meu Tipo tem objetivo de elevar os estoques e alcançou 2 mil coletas na primeira etapa, que ocorreu nas últimas semanas de fevereiro e o início do mês de março.
Em Santa Catarina o no Distrito Federal os níveis de sangue O- estão em estágio baixo ou reduzido. Em Mato Grosso, apenas o tipo AB- está em patamar estável. Todos os outros seguem em situação crítica ou de alerta.
Quem quiser doar sangue deve ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos e apresentar boas condições de saúde. Pessoas com sintomas gripais ou de qualquer tipo de infecção por vírus precisam aguardar para fazer a coleta. O único documento necessário é a identidade origina, válida em todo o território nacional.
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